Exposição na Fundação Oriente até 25 de Agosto.
Uma viagem pelos jardins e árvores de Macau, das ilhas Taipa e Coloane, em 42 ilustrações científicas. Esta é a proposta da presente exposição, resultado de um trabalho iniciado em 2013, no âmbito de uma bolsa de curta duração atribuída pela Fundação Oriente. Uma expedição nascida da vontade de fazer um registo dos espaços verdes e de documentar graficamente a beleza e riqueza da natureza local. Uma natureza que resiste ao frenético desenvolvimento económico e à construção urbanística massiva a que se assiste em Macau.
Durante um mês e meio, atravessando os jardins e espaços verdes destes territórios, de lápis e caderno na mão, foi feito um registo fotográfico e um levantamento gráfico das espécies arborícolas locais, previamente selecionadas pelo engenheiro agrónomo e arquiteto paisagista António Saraiva, que acompanhou a posterior execução das ilustrações. Neste périplo pela diversidade que mora nos jardins da cidade e das ilhas da Taipa e Coloane, o caderno de campo foi a ferramenta principal. O inicial vazio das suas páginas possibilitou a expressão de uma visão pessoal e espontânea da realidade observada, funcionando como um pequeno laboratório – um espaço exploratório que incentiva a observação e a experimentação de técnicas e estilos, com lugar para o erro e para a criação de um vocabulário gráfico próprio. Preenchido este estimulante vazio, estavam construídos os pilares – reunião dos elementos gráficos necessários, juntamente com o apoio fotográfico e a pesquisa de informação científica – para a realização da ilustração científica, posteriormente trabalhada e finalizada no atelier.
Na ilustração científica, o realismo das espécies desenhadas não pretende fazer a cópia fiel de um exemplar particular de uma árvore ou de uma flor. Procura reproduzir um representante da espécie, ilustrativo das suas características gerais. A expressividade procurada e explorada nos cadernos de campo dá assim lugar ao rigor e à exatidão, sem ambiguidades. A imagem desenhada impõe-se pelo rigor da sua representação como instrumento de conhecimento científico. Face à fotografia, a ilustração científica tem ainda a particularidade de ser mais focada e nítida, eliminando o “ruído” do real momentâneo. Consegue obliterar os aspetos desnecessários e/ou zonas de sombra/queimadas, podendo juntar, numa única ilustração, elementos pertencentes a diferentes períodos de evolução de uma espécie, como, por exemplo, flores e frutos em simultâneo.
Todas as ilustrações expostas foram utilizadas na obra de António Saraiva, intitulada Árvores e Grandes Arbustos de Macau, com a qual também se pretendeu prestar homenagem aos intrépidos botânicos que, sem temer riscos e dificuldades, exploraram os mais variados recantos do globo, procurando novas espécies que registavam em desenhos, por vezes com fins utilitários, mas também por puro amor ao conhecimento.
Catarina França e Sousa (Lisboa, 1973) é formada em Design de Comunicação, possui um mestrado em Desenho e especialização em ilustração científica pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Trabalha como designer e enquanto ilustradora, divide-se entre a ilustração científica e a ilustração para crianças, tendo publicado vários livros infantis.
O seu fascínio pela natureza levou-a até Londres onde estudou ilustração botânica com Anne Ferrer, em Kew Gardens. Este foi o ponto de partida para diversos projetos sobre biodiversidade, sustentabilidade, educação e preservação ambiental em parceria com instituições em Portugal e no estrangeiro. www.catarinafrancaillustrations.com
Mafalda Paiva (Cascais, 1973) é mestre em Ilustração Científica pela Universidade de Évora e doutoranda em Arqueologia pela Universidade Nova de Lisboa.
É Ilustradora residente no Centro de Arqueologia de Lisboa e no Museu do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa. É ainda a ilustradora científica da equipa de investigação em zoologia da Universidade de Antofagasta, Chile. Enquanto freelancer colaborou com alguns dos maiores grupos editoriais e agências de publicidade em Portugal e no estrangeiro, incluindo a National Geographic USA. Participou em dezenas de exposições em museus e galerias de todo o mundo, tendo sido distinguida em concursos internacionais como o IL-lustraciència, em Barcelona.
(via Fundação Oriente)