Eles fazem parte de qualquer decoração natalícia que se preze. Podem ser as estrelas protagonistas ou apenas parte do cenário, compondo um pano de fundo obrigatório. Seja qual for a sua posição na encenação do Natal, os pinheiros estão sempre presentes. Em Portugal, onde costumam ser montados a partir do dia 1 de dezembro, a procura começa logo em meados de novembro, quando os hortos e floriculturas passam a comercializá-los em grande escala. Enfeitam casas, lojas, escolas, centros comerciais, igrejas e até mesmo as ruas. Os Pinheiros invadem o final de ano trazendo consigo uma parte da atmosfera familiar e comemorativa do Natal.
Mas de onde vem essa tradição?
Não existe um momento exato na história que entrelaça os pinheiros e o Natal. As fontes sobre o tema não são uníssonas na definição de quando ele de facto começou a ser utilizado como peça fundamental da decoração do mês mais ornamentado do ano. Mas acredita-se que essa tradição possa ser associada, na sua origem, aos povos pagãos da região dos países bálticos, que, antes do solstício de inverno cortavam pinheiros, os levavam para suas casas e os enfeitavam, tal como é feito hoje em dia. Esse costume passou aos povos Germânicos, e depois espalhou-se para o resto do mundo.
Pinheiro é uma denominação ampla e genérica para toda e qualquer planta da Divisão das gimnospermas. De nome difícil, não quer dizer nada além de “semente nua”, e nua porque não é recoberta pelos frutos, esses aliás, são exclusivos das angiospermas, a Divisão mais bem-sucedida de plantas terrestres que habita o planeta. Mas sobre os pinheiros, que não são angiospermas, portanto não possuem fruto verdadeiro, os de Natal costumam ser na imensa maioria das vezes pertencentes a subdivisão das Coníferas (Coniferophyta), vegetais cujos representantes podem ser encontrados naturalmente tanto em florestas tropicais como florestas temperadas, atingem altos portes e, acreditam os botânicos, que sejam as árvores mais longevas do mundo. E mais do que isso, como se diz popularmente, os pinheiros podem ser definidos como “pau pra toda obra” no que diz respeito à sua incrível adaptabilidade. Eles suportam o calor do verão (embora lá no fundo não gostem muito) e o frio mais intenso do inverno (e é aí que a maioria se sente acolhido). Essa versatilidade faz com que atravessem as estações sem que as suas folhas caduquem, se mantenham firmes, cresçam, não sejam atacados por pragas e ainda, enfeitem as casas das pessoas nas épocas natalícias, sempre adornados por adereços alusivos à festividade mais iluminada do ano.
Há planta mais querida?
Seguindo uma tendência mundial para um estilo de vida cada vez mais sustentável ou um pouco mais próximo da natureza, as pessoas têm optado pelos pinheiros de Natal naturais. Porém isso gera algumas dúvidas no que diz respeito ao tratamento que deve ser dado a essas plantas quando são obtidas dentro do conceito de ornamentais. Muitos questionam sobre o que devem fazer para que os pinheiros se perpetuem após o Natal. Ora, como já dito anteriormente, tratam-se de plantas muito resistentes e que não requerem muitos cuidados, além da habitual rega, que nem necessita ser muito frequente. Também é preciso levar em consideração se a planta vai continua no vaso ou se é plantada no jardim, no caso dessa última opção é sempre a melhor. Entretanto é bom lembrar que estamos a lidar com árvores de imenso potencial de crescimento, e mesmo que décadas representem uma pequena fração das suas vidas, devemos ponderar acerca do tamanho das suas raízes, que crescerão em proporção ao tamanho da planta, portanto ficarão tão grandes quanto o tronco. Dessa forma, descarte a hipótese de plantar um pinheiro já de tamanho médio (cerca de dois metros ou mais) em canteiros muito diminutos ou com pouca profundidade.
Outro fator importante é: amamos ter os pinheiros dentro de casa no Natal, mas eles não. Por isso, tão logo acabem as festas, é necessário iniciar o processo de rustificação da planta, ou seja, pouco a pouco ir colocando o seu vaso do lado de fora de casa. Isso evita o stress de adaptação imediata, e que pode sim, levar à morte do pinheiro. Caso ele tenha sido comprado sem raiz ou com raiz parcial, é muito difícil prever se sobreviverá após o Natal, mas é provável que não. Mesmo um vegetal tão forte também tem as suas limitações.
E assim, um dos grandes símbolos do Natal é também um expoente no que diz respeito a fortaleza entre as árvores. Os Pinheiros ajudam a conjugar a beleza e natureza na mesma época do ano com muito estilo, mas principalmente com muita tradição. Os Pinheiros de Natal representam aquela parte da cultura que ultrapassa diferenças religiosas, barreiras geográficas, alterações climáticas e resiste aos séculos, ganhando cada vez mais importância. Da floresta para as nossas casas, o Natal está muito bem representado.
A autora Ingrid Brock colabora com a Revista Tudo Sobre Jardins desde 2021. Brasileira e vive em Portugal há quatro anos. Bióloga, cursa mestrado em Engenharia Agronômica, estuda, observa e escreve sobre as plantas ornamentais.