Texto: Maria Gonçalves | Fotos: Provencher Roy
Photography by Stephane Brugger
Localizado ao longo das margens do Rio São Lourenço, no Porto Velho de Montreal, o Grand Quay é a primeira paragem no itinerário de navios de cruzeiro: o primeiro ponto de contacto com a cidade. Desde a abertura pública em 2018, os pedestres têm liberdade para passear pela Promenade d’Iberville, uma esplanada paisagística localizada no telhado do terminal de cruzeiros, um vasto terraço de madeira e mais de 30.000 plantas entre flores e aromáticas.
Degraus largos e uma escada, toda em madeira, foram construídos para garantir aos pedestres o acesso ao nível superior feito de cedro vermelho resistente ao fogo. A grande escadaria de madeira, numa das extremidades do telhado do jardim, leva o público até à Praça, um prado verde que desce suavemente em direção ao rio. Esta vasta planície, localizada na ponta do Grand Quay, é um local para reflexão, reunião e banhos de sol, e vai acolher inúmeros eventos.
Photography by Stephane Brugger
Esta via pedestre completa a rede de espaços públicos do Porto Velho e volta a estabelecer os laços entre a cidade, o porto e o rio. O acesso é mais do que nunca facilitado, seja para pedestres, ciclistas, utilizadores de transportes público ou carros elétricos.
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“Desde o início do projeto, a nossa intenção era estender o parque linear do Old Port para o cais. Queríamos criar um espaço que mostrasse a riqueza do local e, ao mesmo tempo, proporcionasse um parque, um lugar para relaxar e um espaço que as pessoas pudessem sentir como seu”, explica Sonia Gagné, sócia e arquiteta da Provencher Roy.
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Cinco poços de luz pontilham o passeio elevado e banham o terminal de cruzeiros por baixo com luz natural. Zonas verdes e numerosas árvores foram integradas no design. O paisagismo também permite uma circulação mais fluída, simplificando significativamente o acesso de veículos às instalações portuárias e aos espaços de estacionamento ainda disponíveis nos antigos hangares. A empresa restaurou este cais e transformou-o num terminal de cruzeiros de grande qualidade arquitetónica e paisagística, conectado à rede de caminhos pedestres existente ao longo do rio São Lourenço. Desde 2007, o volume de passageiros e tripulantes subiu de 35.000 para quase 127.000 em 2018.
Photography by Stephane Brugger
Anteriormente, poucas pessoas visitavam esta zona e faziam-no com o único propósito, embarcar num navio de cruzeiro. O Porto de Montreal pensou “fora da caixa” ao oferecer, juntamente com os arquitetos da Provencher Roy, uma visão moderna e integrada das infra-estruturas portuárias que melhor respondem às suas necessidades. Por sua vez, essa nova abertura ao rio revitalizou o bairro.
Uma breve história e obras futuras
O cais Alexandra foi uma das principais docas construídas no início de 1900, época em que Montreal se classificou entre os portos mais movimentados do mundo para a exportação de cereais. Em 1967, o Terminal Internacional de Passageiros de Iberville, que não era especialmente adequado à circulação de pedestres, era reservado aos passageiros de cruzeiros e ao tráfego de automóveis, uma situação exacerbada pela conversão dos hangares em estacionamentos.
Apesar do investimento substancial em trabalhos de manutenção nos últimos anos, as infraestruturas mostraram sinais avançados de envelhecimento e obsolescência operacional que comprometem a sua capacidade de continuar a fornecer os serviços esperados. Este foi o pano de fundo contra o qual o Porto de Montreal realizou grandes obras de renovação para o terminal de cruzeiros, a fim de acolher os passageiros que chegavam a Montreal, com instalações modernas e uma primeira impressão digna da cidade. O trabalho será retomado em breve com a Fase II, que prevê a construção de uma torre de observação cuja inauguração está prevista para 2021. Finalmente, uma escultura de aproximadamente 16 metros de altura em homenagem a três mulheres pioneiras de Montreal será instalada na Praça. A estrutura da obra de arte e o vocabulário arquitectónico evocam o rico património industrial do porto de Montreal.