O design paisagístico de Telegraph Hill Residence dramatiza a sequência de espaços exteriores num espaço residencial existente numa encosta de São Francisco, diluindo a barreira entre quem aqui vive e a paisagem ao seu redor.
Texto: Catarina Gonçalves Fotografia: Marion Brenner, ASLA

Uma sequência cuidadosamente coreografada ao longo de uma escada, que vai desde a entrada que recebe o visitante, criando momentos de pausa, descanso e drama ao longo dum percurso, até à entrada principal da residência. As paredes do penhasco contrastam com a as plantas na parte traseira da casa, um jardim de sombra protegido composto por plantações diversas, de árvores e materiais permeáveis fornecem um refúgio. O design é fonte de introspeção e conexão ao ambiente.

Os moradores desta residência mudaram-se do campo para São Francisco à procura de um estilo de vida mais urbano. Depois de completar o processo de design com o arquiteto paisagista deci-diram adquirir esta propriedade única pelas suas incríveis vistas e localização à beira de Telegraph Hill. A casa existente está empoleirada num lote ao longo de uma ravina escarpada, a leste vislumbrando a Ponte da Baía.

O terreno é composto por várias áreas: a entrada de tijolos existente e uma escada que leva à porta da frente, um jardim de sombra nas traseiras e uma zona do penhasco que apoia um bosque de eucaliptos já com alguma maturidade e que têm como principais habitantes vários papagaios.
Juntos, os materiais ressaltam o sentimento de Santuário dentro do contexto urbano, juntamente com uma conexão ao penhasco.

Os arquitetos paisagistas trabalharam com o cliente em vários outros projetos e entenderam que o casal desejava criar uma casa e um jardim mo-dernos. No entanto, devido à natureza histórica
do local e do bairro, incluindo a preservação do direito histórico da rua e do terraço do lado leste da residência, a renovação foi sujeita a uma intensa revisão e análise do projeto feitas pela associação de residentes locais e departamento de planeamento urbano, que exigiu que os clientes preservassem o caráter histórico da casa existente, juntamente com o pavimento e as paredes de tijolo bem como manterem o direito de passagem num antigo caminho junto à propriedade.

Este local é bastante ventoso, frio e várias vezes envolto em nevoeiro influência da Baía de São Francisco, mas as vistas para o East Bay, para o cais e centro da cidade são incomparáveis. Era importante que a equipa de design criasse espaços exteriores para que os clientes pudessem ampliar o acesso à paisagem, considerando também a necessidade de refúgio e conforto em privacidade.
Isso foi conseguido em pleno, o projeto inspira-se na paisagem como fonte de perspetiva e refúgio. Ao projetar a escada da entrada da frente, os arquitetos paisagistas aproveitaram as condições espaciais desafiadoras para criar um espaço adicional de terraço necessário para poder desfrutar das vistas mas também para criar toda um experiência – um caminho de pedra inclinado que ascende através de espaços exuberantes de jardim que se abrem para fora e terraços que oferecem vistas amplas da paisagem circundante. O aço corten foi utilizado nas zonas de penhasco terminando em folhas de vidro que dissolvem a barreira entre o utilizador e a paisagem.

O jardim de sombra na parte traseira da casa, protege a residência da casa adjacente, foi feito com um cuidado especial para preservar e manter as paredes e as árvores. O espaço é acessível a partir da casa, atuando como um refúgio do vento e nevoeiro e pode ser desfrutado de forma mais protegida. No ponto focal do jardim encontra-se uma parede de aço corten ancorando o granito e destacando a vitalidade das árvores. Também há espaço para uma experiência meditativa, por exemplo para o yoga diário, mas que também se pode transformar num espaço prático para festas – um valioso contributo deste santuário verde em contexto urbano.

Um dos desafios para os arquitetos paisagistas, foi encontrar materiais que se misturassem com a pavimentação de tijolos e contribuíssem para a sensação de uma casa moderna, que os clientes desejavam. A equipa escolheu o aço corten para os terraços para se misturar com o calor do tijolo, em contraste com as plantações. Os pavimentos de basalto cinza moldados servem como contraponto neutro ao tijolo.

Ao longo do processo de design, a equipa foi sensível às oportunidades de reutilização, preservação e recuperação de materiais. A calçada reconfigurada foi construída usando tijolos recuperados, enquanto a escadaria reestruturada cria espaço para novas plantações que foram selecionadas pela sua tolerância à seca. O jardim é visível da cozinha e ginásio e o projeto preservou a maioria das árvores originais. Um telhado verde plantado com suculentas cria espaço verde adicional e ajuda a regular as temperaturas.

Saiba mais em: https://www.asla.org/2017awards/311206.html
