24 de Junho de 2009
Os trabalhos do Parjap Portugal 2009 tiveram a sua sessão de abertura às 10 horas de hoje, com 260 participantes dos mais diversos países.
O Presidente da Câmara Municipal de Póvoa de Lanhoso Manuel Baptista realçou a preocupação crescente com o desenvolvimento sustentável na autarquia. A necessidade de aproximação às pessoas e como essa aproximação pode ser feita a partir dos espaços recreativos e de lazer.
De seguida e ainda na nota de abertura tiveram a palavra, Félix Moral Pérez – Presidente da Associação Espanhola de Parques e Jardins Públicos, Christy Boylan – Vice Presidente Mundial da International Federation of Parks and Recreation Administration e Margarida Cancela d’Abreu – Presidente da Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas que deu especial enfoque à importância que têm estas iniciativas ao juntar os profissionais do sector e a riqueza com a troca de experiências que daí advém.
“Os parques: novos paradigmas geram novos desenhos”
A arquitecta paisagista Laura Costa falou sobre este tópico com um exemplo concreto de um trabalho em que está envolvida na zona metropolitana do Porto em Leça. A recuperação das paisagens desordenadas como pedreiras e lixeiras tornou-se num dos passos de planeamento mais importantes. Temas como uma nova cultura urbanística e o questionar das velhas práticas em novos ambientes e novas expectativas foram também abordados pela arquitecta. Em conclusão foi também salientada a importância da investigação nas universidades antes e durante a implantação do jardim ou parque.
“A insustentável sustentabilidade”
Pela paisagista Espanhola Teresa Roncero, profissional do município de Salt, apresentou um pouco da sua experiência na zona da Catalunha especialmente com a escassez da água e as consequência dessa mesma escassez em espaços pouco sustentáveis, nomeadamente nos tradicionais parques e jardins públicos. A minimização de espaços relvados e a selecção de plantas são elementos fundamentais para um espaço sustentável. Ao longo do tempo a paisagista tem mudado a pouco e pouco os tradicionais grandes relvados do seu município introduzindo mais espécies arbustivas e gramíneas. Em conclusão devemos voltar aos elementos nativos, a espaços que tenham mais a ver com os locais e regionais.
“Sustentabilidade no projecto de arquitectura paisagista; redundância ou extravagância?”
Pela arquitecta paisagista Teresa Marques, que relembrou que a sustentabilidade é inerente ao processo de arquitectura paisagista. O limite de uso dos recursos naturais e o assegurar da informação genética são os pontos principais a ter em conta para a sustentabilidade em espaços verdes.
3 pontos importantes foram salientados para os espaços verdes futuros sustentáveis, a saber:
Auto-suficiência de recursos materiais e naturais; considerações sobre o nível de estruturação e práticas de reciclagem e manutenção sustentável nomeadamente a redução e a reutilização.
“Sustentabilidade dos parques ribeirinhos no município de Vitacura em Santiago do Chile”
A designer paisagista Maria Teresa Santana e a arquitecta paisagista Carmen Glória Larraechea profissionais do município de 29km2 de área e banhado pelo rio Mapocha que ao longo dos anos tem sido desprezado. Em anos recentes começam a valorizar o curso de água, a virarem-se para o rio com a implantação de espaços verdes e jardins públicos tendo o rio como um dos protagonistas e aproveitando também os seus recursos hídricos para a rega.
Estes foram os painéis do período da manhã.
Durante o debate que se seguiu foram focados, entre outros, a importância da participação da sociedade civil na tomada de decisões sobre os espaços verdes e a dificuldade que existe em conseguir que os portugueses participem e sejam mais proactivos nestas matérias dado que existe um alheamento muito marcado.
O Professor Ribeiro Telles chamou também a atenção para a importância da relação entre a agricultura de cidade/região e as pessoas que habitam essa cidade tendo em conta que num futuro os espaços sustentáveis poderão ter uma designação mais correcta de espaços agrícolas transpondo para as cidades os conhecimentos do campo e da agricultura.
No período da tarde…
“Ecossistemas urbanos sustentáveis”
O arquitecto Horacio Pucheta Lascano do município de Córdoba na Argentina, falou sobre o trabalho de reabilitação que está a ser efectuado junto ao rio Suquía e a importância que têm os cursos de água citadinos. Durante este processo houve um resgate de tudo o que era nativo e subsequente restauração na paisagem urbana e criaram-se corredores verdes para a fauna autóctone.
“Propostas de desenho e manutenção para o uso sustentável da água nos jardins”
A Engª Agrónoma Isabel Sanjiao começou por falar um pouco sobre as especificidades da Península Ibérica que devem ser consideradas não como Portugal e Espanha mas sim entre o Norte húmido e o Sul seco com realidades idênticas nos dois países.
Foi abordada a utilização eficiente da água como vital para o melhor, controlo e gestão bem como a utilização mais racional deste recurso natural. É possível atingir este objectivo tendo em conta três factores: necessidades hídricas, sistemas de rega eficientes e a adequada programação das regas.
Uma das conclusões deveras interessantes é que estão a ser feitos estudos no sentido de saber até onde a planta resiste com determinada quantidade de água, pode existir uma poupança de água com o aumento do nível de stress á planta sem que esta sofra consequências graves.
Debate após painéis:
Foram abordados os impactos em termos económicos que uma má gestão da rega pode ter bem como a escassez deste bem
Outro aspecto muito importante é gerir este bem para que a qualidade da vegetação não seja posta em causa.